quarta-feira, 15 de agosto de 2012

TUTORIAL: TRAJE FEMININO DO PRIMEIRO REINADO (1822-1831)

Este guia foi desenvolvido por ocasião de nosso evento Revival da Independência, mas é certo que servirá para os outros eventos.

Postagens relacionadas:
A moda feminina no Primeiro Reinado
Molde do vestido do Império
Tutorial de Bonnet
Guia de traje masculino do Primeiro Reinado (1822-1831)

O tutorial está pronto. Mas o vestido que serviu de base/ teste ainda está incompleto em processo de customização, portanto alguns pontos aqui precisarão ser imaginados e o que não der certo, deve-se buscar em outras possibilidades/ alternativas e me contatar para tirar as dúvidas. 

MATERIAL UTILIZADO:
- camisa feminina no seu tamanho;
- camisas masculinas em tamanho bem grande ou retalhos, tudo na mesma cor da camisa acima;
- tule (menos de 1 metro);
- fita de cetim (bem larga, assim);
- kit básico de costura (agulhas, alfinetes, linhas de costura, linhas de bordado)

1. CORPO DO VESTIDO
Desenvolvido a partir de uma camisa simples. Em minha mãe ficou larga porque era a única peça que tínhamos disponível para teste, o ideal é que a peça seja do seu tamanho.



A. DECOTE:










Observe a fotografia, o recorte que faremos é justamente seguindo a linha da camisa regata embaixo tendo seu ponto mais baixo no terceiro botão.

Os alfinetes marcando a área que será recortada. A gola da camisa poderá servir de rufo para o isabelino ou mesmo para esta época em que o rufo tinha voltado. O decote pode ser adornado por bordado inglês ou renda.






 

B. MANGAS BUFANTES:
Não foram concluídas. Foi aplicado um pouco de tule laranja em torno da manga e por cima um tecido branco de outra camisa. Tule deve ser da cor da blusa do vestido, usei laranja porque tenho muitos metros de tule laranja sobrando e como este vestido é para tutorial eu usei laranja mesmo.

Corte o tule em tira seguindo a quantidade de cm da manga e ao mesmo tempo seguindo o formato curvilíneo bufante. Recomendo que aplique pouco tule na parte embaixo do braço, deixe o maior volume em cima. Por cima de tudo escondendo o tule estou costurando (à mão, se tiver máquina agiliza tudo!) um tecido branco que peguei de outra camisa.



C. CINTURA

Cintura Império a partir de uma fita de cetim posicionada abaixo do busto. Pode-se colocar a fita e amarrar atrás fazendo um lacinho e acinturando e na frente costurar uns pontinhos, o importante é marcar a cintura.



2. SAIA

A parte mais difícil já que a saia deste período começa abaixo do busto e termina nos tornozelos sendo extremamente longa por conta da altíssima cintura.

O método usado aqui por mim é o mais difícil. Abaixo você encontra um set do polyvore e explicações de adaptações. Pretendo cortar as mangas e gola de uma camisa e usar seu tecido frontal e traseiro para compor a saia evasê que deve ser costurada na camisa corpo do vestido logo após a fita de cetim.

Mas existem outras possibilidades mais fáceis como costurar uma saia na camisa ou apenas vestir e disfarçar com uma fita de cetim.
Adaptação Império


Aqui temos um vestido atual com cintura império. Adaptá-lo para nosso modelo será bem mais fácil do que seguir o tutorial do vestido da mamãe. Aplicamos mangas bufantes (como as do tutorial) e cobrimos as costas com tecido. O ideal é ser no mesmo tecido e cor do vestido. Se não for possível, podemos buscar tecido semelhante e usar outra cor. Mas aí essa outra cor deve aparecer em bordados, detalhes para o vestido ficar bicolor e não como se fosse uma adaptação/ aplique de tecido.

Outra possibilidade é aplicar a saia deste vestido a um corpo de vestido que fizemos.




As imagens acima mostram o spencer, casaquinho da época que se assemelha muito a nossos boleros. Usar este casaquinho pode ser uma solução para quem não conseguir a cintura napoleônica (o que acho bem difícil pois há muitas batas e vestidos na moda com a cintura império, é só adaptar).


3. CABEÇA E PÉS

Na cabeça pode-se usar o bonnet, cujo tutorial está AQUI. Outra opção e mais fidedigna a um evento nacional é usar uma mantilha. Pode-se pegar uma renda de cortina mesmo, fazer um corte retangular bem grande, adornar com pedrarias, barrados de rendas ou bordado inglês e colocar na cabeça com grampos. Pode ser feita a mantilha em tecido opaco, na pior das hipóteses até a sobra do tule serve.

Pés: sapatilhas.  As melhores opções são as de ballet:



Mas essas aqui modernas e normais também servem:



4. CABELO



Cabelo dividido ao meio. Coque alto com parte do cabelo solto na frente em cachos. Se estiver de mantilha ou uma capa como era costume paulista não precisa se preocupar muito com o cabelo.

A pretensão é o vestido da mamãe ficar mais ou menos como na imagem abaixo, porém na cor branca, com bordados brancos, uns detalhes etc.

A MODA FEMININA NO PRIMEIRO REINADO



Oficialmente a moda da Era Romântica se estende aproximadamente de 1820-1840. Mas no Brasil do Primeiro Reinado (1822-1831) era um pouco diferente. Não havia industria têxtil no Brasil, consequentemente não existia Moda no país, apenas entre as pessoas abastadas do Rio de Janeiro. Roupas eram raras e caras e passavam de geração para geração. Tecidos e peças vinham de navio da Inglaterra e as revistas Fashion Plates chegavam com muitos meses de atraso, assim era comum que as costureiras consultassem estas revistas e confeccionassem roupas com uma moda "atrasada".


A moda masculina e a moda feminina ainda tinham traços da moda napoleônica (Império) e principalmente da moda colonial. As mulheres saíam às ruas com vestidos em tecidos leves e cobertas com com capas ou mantilhas negras. Vale lembrar que aqui elas não usavam espartilhos.


São poucas as iconografias sobre a população brasileira na época, mas nas obras abaixo é possível ter uma idéia.

Damas em São Paulo (1820-1830): Saindo na rua com capas e mantilhas negras.




As mulheres brasileiras só deixaram de lado o traje negro e as mantilhas no 2º reinado. Na imagem, uma cena numa igreja em 1827 num manhã de quarta-feira Santa.





Imagens gentilmente cedidas por Douglas do site São Paulo Antiga:

Cenas íntimas: as casas brasileiras eram muito informais, nem um pouco parecidas com a rigidez européia. Era normal as damas sentarem no chão com suas escravas, ficarem nuas, semi-nuas ou em trajes muito simples. Abaixo, mesmo sendo a decada de 1820, os trajes tem ainda tem referências à Era Império.



Uma divertida cena de carnaval numa casa abastada em 1822 e uma cena de carnaval na rua em 1823. As roupas usadas pelos negros são referências de como se vestia o povo brasileiro nas ruas. Cores: azul, laranja, verde...


Uma representação que mostra homens, crianças, mulheres e escravas em seus trajes de rua (1823 a 1826). Muitas cores nas roupas.








Famílias saindo na rua:


Trajes das escravas também são referência:
 



Imagens dos artistas Debret e Augustus Earle.
Pesquisa de Sana Skull.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

REVIVAL DA INDEPENDÊNCIA



       Em comemoração ao aniversário do bairro do Ipiranga,
 em parceria com a Comissão de Festejos da Associação Comercial de São Paulo - Distrital Ipiranga, 
 o PVSP tem a honra de convidar a todos para nossa participação no desfile cívico reconstituindo e revivendo,na medida do possível, 
o Primeiro Reinado Brasileiro.


1. Este não é um evento nosso, mas sim uma simples e humilde participação num evento de outrem. No caso, será um desfile cívico do bairro com diversas atrações, nós seremos uma das atrações assim como o clube de motociclistas Independência ou Moto e os grupos de terceira idade.


2. Para participar do evento como população brasileira do Primeiro Reinado (1822-1831) é necessário mandar um e-mail para picnic_sp@yahoo.com.br confirmando presença e se responsabilizar pelo traje (próximo tópico).

As pessoas que foram pré-selecionadas para compor José Bonifácio, D. Pedro I e suas mulheres não precisam confirmar por e-mail. Algumas pessoas foram pré-seleciondas para reconstituir estas personagens por meritocracia, por sempre terem sido competentes em reconstituir trajes, estudos históricos etc. Espera-se que não se promovam competições desnecessárias sobre isto.

3. DRESSCODE (1822-1831)
Evidentemente obrigatório e somente trajes puristas. Releitura pode? Humm, se for explicado como ela seria e se tiver coerência, conteúdo estético, referências históricas etc etc etc sim, mas só sob a aprovação da Direção.

Como sempre estamos disponibilizando tutoriais, recomendações e orientação por facebook, sempre ensinamos as pessoas para não ter esse lance de que "só gente rica frequenta o evento".

4. O desfile será na manhã do domingo 16 de setembro, às 9h. Mas nós seremos uma das últimas atrações vindo a desfilar mais tarde (ainda sem saber o horário exato), mas é conveniente que se chegue 9h. O desfile nosso vai durar bem rápido, cerca de 20 minutos.

 
5. MAPA DA ORGANIZAÇÃO DO DESFILE




6. MAPA DO PERCURSO.





7. COMO CHEGAR
A região é facilmente acessível pela estação Sacomã (metrô) e pela estação do Grito (expresso tiradentes, ônibus por cima)

8. AGRADECIMENTO
Agradecemos especialmente à Melissa Vargas da Josette Blanchard Corsets pelo reenacting de Leopoldina da Áustria e nos acessórios do imperador.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

TUTORIAL: TRAJE MASCULINO DO PRIMEIRO REINADO (1822-1831)

Post relacionado:

Na época do reinado (1822-1831) de D. Pedro I, a moda masculina ideal (seguindo a Europa) era assim:




     E aqui um rápido guia:
Adaptação 1822-1831


O básico da moda masculina está aqui: Camisa, calça e colete. Nada mais simples.
Lições de sempre: Remover as tachas e botões da calça (o botão do fecho pode ser substituído por um botão branco discreto). A calça pode ser preta, mas cores claras são mais indicadas. A calça deve ser de cintura alta, se não for, basta colocar tecido sobre ela a partir da cintura para dar essa aparência.
Camisa: lembre-se de usar a gola ereta e rígida.
Casacos:Se for usar, pode pegar um destes modelos das fotos e adaptar. Retire os bolsos e o cinto. Um paletó também pode ser adaptado.

O cravat não está muito visível, o laço da época é este:




Ou o convencional:




O rosto mais frequente apresenta costeletas e cabelos cacheados, mas o quadro acima mostrando Goethe é uma prova de que isto não foi universal, mas por ser uma das referências marcantes, é bom copiar ao menos a barba da época.


ATRASO:
Havia um atraso no Brasil em relação à moda européia. Observe as imagens da década de 1820:



Então você também pode montar o traje mais atrasado que segue a estética Império/ Regência. As calças são mais curtas e justas terminando no joelho + meia (ou bota). Quem usa numeração baixa pode recorrer a uma bota feminina preta. E o chapéu bircónio ainda existia. 



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